terça-feira, 5 de julho de 2016

Como é difícil ser mãe e não ter ajuda.

Desde que a Lavínia nasceu, eu não consigo olhar para outras mães com os mesmos olhos. Nem para as outras crianças. Nesses dias, de inverno aqui em São Paulo, fico com o coração apertado quando vejo aqueles bebês tão pequeninos enrolados, sendo carregados nas ruas por suas mães.
Eu sei que a maior parte dessas mulheres que sai com o filho no frio, às 7 horas da manhã, (ou até antes) não tem a opção de ficar em casa, cuidando deles. Elas agasalham seus filhos da melhor forma que podem, e os levam para as creches, geralmente usando o transporte público. Você nota que muitas dessas crianças estão com o narizinho escorrendo, com o olhinho caído, mas vão do mesmo jeito – afinal, suas mães não podem faltar novamente no trabalho, sob o risco de perderem seus empregos. E aí eu penso: “como é difícil ser mãe e não ter ajuda nesse mundo".

Eu sei também que, depois de levantarem mais cedo para deixarem seus filhos na escolinha, essas mães trabalham duro. Ralam o dia todo (algumas cuidam dos filhos de outras mães) e fazem o caminho de volta correndo, porque não têm com quem contar para pegar essa criança na hora da saída. Ou ela está lá, ou ela está lá, não tem jeito! Faça chuva, sol, geada, neve, ela sabe que precisa dar um jeito na sua rotina para cuidar do filho.
Em uma escala muito menor, eu tenho passado por essa experiência, e posso dizer que é difícil pra caramba! Moro em um bairro do centro, mesmo tendo meus pais muito próximos, a filha é minha, logo, eu sou a responsável por ela. (e ainda pra ajudar não há um pai presente). Por isso, no dia a dia, não posso contar com eles para ficar com a pequena. Onde eu vou, levo a minha "mini sombra" kkk. Pra ajudar, estou sem carro e ainda não consegui colocá-la na creche.  Tudo tem que ser milimetricamente calculado, porque sei que posso ficar presa no trânsito, aí atrasa almoço, lanche, sem contar com as fraldas sujas quando menos se espera. E antes que me perguntem, escolhi trabalhar com horário flexível, mas muitas vezes tenho que sair cedinho com ela " debaixo dos braços" mas mesmo assim se eu tivesse ajuda seria perfeito.
Se você não tem ajuda, o pior acontece quando o filho fica doente, e você se percebe entre a cruz e a espada: “trabalho e o deixo doentinho na escola? Ou mando tudo para o alto e encaro a possibilidade de perder um emprego realmente bom, que demorei tanto para conquistar? Desmarco aquela reunião que poderia mudar minha carreira?”. Ou talvez quando é você quem fica doente! Porque você precisa levantar para cuidar do pequeno, mesmo que seu corpo inteiro está latejando. Você pensa: “mas como é que eu vou conseguir?”. Mas você consegue, simplesmente porque não tem opção. Porque nos dias de hoje, muitas vezes você não pode contar com sua mãe para cuidar da neta, e também não é obrigação dela, já que cuidou a vida inteira dos filhos.
Não se trata de querer terceirizar o filho, não é isso. Mas é a simples constatação de que, se você não tem uma babá, um motorista, etc, vai ter que repensar toda a sua vida para conseguir dar conta da sua rotina, e da do seu filho. Infelizmente não vivemos mais como há algumas décadas, em que nós, mulheres, tínhamos muito mais ajuda de quem estava próximo. Vivemos cada vez mais isoladas, em cidades cada vez maiores, e onde o deslocamento urbano caótico nos impede de podermos contar com os outros. E não temos a infraestrutura de países que apostaram na paternidade/maternidade, ampliando tempo de licença pós-parto, estimulando turnos flexíveis de trabalho, tanto para a mãe quanto para o pai, para que esse possa, de fato, estar presente.
Não vivemos mais em aldeias, em que todos olham e cuidam de todas as crianças. Precisamos dar conta sozinhas. E mesmo que você tenha alguém para te auxiliar, saiba: o problema pode não estar na sua casa, mas ele existe (já parou para pensar onde estão os filhos da sua babá?). Precisamos pensar sobre isso e buscar alternativas. Porque é muito, difícil de ser mãe e não ter ajuda?
Beijos
Cah Teixeira 

15 comentários:

  1. Com certeza é muito difícil. Olha, eu tenho ajuda, meu marido é muito presente, e mesmo assim não é nada fácil conciliar tantos papéis: mãe, profissional, esposa, amiga, filha e por aí vai. Gostei da sua reflexão! Beijos, Fabi Fontainha

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  2. Compartilho do seu discurso, pois crio Melissa absolutamente sozinha, em uma cidade que não tenho parentes meus, e não posso contar com os pais do meu ex marido, pois eles priorizam os cuidados com o filho doente. É realmente difícil conciliar tudo, e se dividir em mil. Acabo fazendo as coisas, posteriormente, e não consigo trabalhar fora de casa (trabalho em casa) exatamente por não ter o respaldo de ninguém. É muito difícil.

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  3. Camila, bela reflexão amiga. Eu mesma me pergunto isso quase que diariamente. mesmo tendo toda a infra-estrutura, um marido que é um paizão e ainda conto com a família, ainda assim as vezes é complicado. Imagino sem tudo isso! Vocês são heroínas!

    beijo,

    Clau
    @AsPasseadeiras

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  4. Pois é... meu marido me ajuda muito, tenho minha mãe por perto e sem ela não sei o que seria de mim. Mas mesmo assim, a gente precisa de muita, muita ajuda né?

    http://www.arianebaldassin.com/

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  5. Ser mãe não é fácil mesmo, temos que abrir mão de muita coisa. Amei sei depoimento! Bjs

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  6. Realmente é difícil, mesmo para quem não é mãe sozinha, aqui marido trabalha durante o dia e o filho vai para a escola a tarde, mas como vc disse o filho é meu então faço as coisas no período que ele está na escola para quando drr o horário eu esteja lá para busca-lo

    bjs Mi Gobbato - Espaço das Mamães

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  7. É difícil mesmo! Mas mãe é assim mesmo, faz o possível e o impossível pelos filhos!

    Beijos, Laura
    www.maede2.com.br

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  8. E difícil mesmo! Somos guerreiras menina, pois sempre colocamos nossos filhos em primeiro lugar!

    Beijos
    Gleysa
    demamaeursa.blogspot.com

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  9. Realmente não é fácil mas acho que quando conseguimos (no seu caso sozinha) um gostinho de "eu posso e eu consegui" e ao ver seu filho educado e colocando em pratica aquilo que você ensinou não tem preço

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  10. Cah, só quem passa por isso entende seu relato.
    É difícil mesmo, mas a gente vai vivendo.

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  11. Muito difícil mesmo!!Moro aqui no RJ desde que a Bia tinha 2 anos e não tenho ninguém da família aqui...a gente tem que rebolar para no final dar tudo certo!!

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  12. Fácil não é mesmo, mas é uma escolha de nossa geração!
    Tem mães que estão criando movimentos bacanas em condomínios para retomar esse cuidado familiar, e também as casa de cooworking, onde a família tem possibilidade de trabalhar e cuidar das crianças no no mesmo ambiente, com horários flexívies.

    Não é o ideal mas é um avanço e cabe a nós, mães de hoje, começar a fazer a diferença.

    Estela
    www.equilibrioefamilia.com.br

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  13. Dificil mesmo. E nao seria AJUDA seria a responsabilidade natural ne?
    bjs
    Lele

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  14. Realmente é difícil, aqui mesmo meu marido fazendo e muito a parte dele já é puxado imagino sozinha! Mas vai passar essa fase e vai valer sempre cada segundo.

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  15. Camila, com ajuda já é difícil imagino sem ajuda então. Maes independentes merecem um prêmio a mais! Não é fácil não ter com quem dividir, compartilhar e desabafar. Mas tudo na vida é fase. vai passar.

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